segunda-feira, 1 de abril de 2013

BIDÊ OU BALDE!!!

E Assim Por Diante"A evolução é tão criativa. Esta é a razão pela qual temos girafas". Essa máxima garatujada pelo romancista Kurt Vonnegut Jr, no livro Café da Manhã dos Campeões, define estética, literária, musical e perfeitamente a evolução obtida pela Bidê ou Balde em seu quarto álbum: Eles São Assim. E Assim Por Diante. O "humor bélico" de Vonnegut, aliás, faz-se presente do início ao fim do disco.Sou mega suspeito para falar, até porque sou amigo de todos os bidês, e sou gaúcho – então podem (e vão) me xingar de bairrista, deslumbrado, sem-noção, do que bem entenderem –, mas não tenho dúvida em afirmar que a Bidê ou Balde é uma banda cuja a arte se situa anos-luz do atual "cenário rock" brasileiro. Embora não seja tão evidenciada na mídia, pelo menos fora do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná (qualquer um sabe, todavia, que o público deles derrama-se em fãs por todo o Brasil). Tudo isso, e assim por diante, fica mais do que patente neste novo álbum.Em todos os sentidos: na complexa engenharia construtiva/desconstrutiva de produção, no quesito "pop" (ciência exata que eles dominam como poucos), na compressão powerpop, no nonsense, romantismo e inteligência das letras. E, claro, nos potenciais hits que saltam dos sulcos do cedê assim como o maná enviado dos céus por Deus aos judeus durante a fuga de Israel.
Eles São Assim. E Assim Por Diante nasce com pelo menos três hits: a afinada "Me Deixa Desafinar", a apimentada "Lucinha" e "+Q1 Amigo", todas com alto poder de adesão. Todas, melhor dizendo, sucessos que já tocam nas rádios (?!) de todo o Sul do Brasil. Rádio: alguém lembra desse antigo aparelho?. "+Q1 Amigo" é daquelas esperançosas baladas de amor que levam a marca sentimental da Bidê, tal como a bela "Mesma Cidade", dos versos: "Deixa Eu Andar / Nas Ruas Que Você Escondeu de Mim / Deixa Eu Reconquistar Você".E tem outras canções que, pode esperar, vão colar fácil nos ouvidos. Uma dessas é "João da Silva", que trabalha com uma impossível hipótese: a de que só existe um João da Silva sobre a face da terra. Tem luxuosas participações do cantor Serginho Moah (Papas Da Língua), que empresta seu timbre grave à música, e de Renato Borguetti – que também toca sua gaita ponto na releitura gaudéria do hit "Mesmo Que Mude", a faixa-bônus do disco."Coisinhas Nojentas de Amor" e "Tudo Funcionando Direito" são dois faceiros balanços naquela vibe B-52’s, ou seja, dançantemente pra cima. Violão, shaker e sintetizador kaossilator dão a batida campeira/tecnológica/extraplanetária de "Quero Morar em Marte". É sucedida pela pungente "Ontem Percebi Que Te Amo Ainda" e "Melhores Veteranos", composição desencavada do cancioneiro lá dos primórdios da Bidê. No entanto, não só ela como também as outras 3 faixas que citei desde o começo desse parágrafo são letras com coautoria do mestre Frank Jorge (Graforréia Xilarmônica), que também participa cantando de "Tudo Funcionando (...)" e "Melhores Veteranos".O disco fecha com a instrumental "Sturm Und Tal" e "Eles São Assim", que soa como uma cantiga de ninar, mas é sobre tristeza, saudade e felicidade.Quer apostar quanto que, após ter ouvido essas canções novinhas, exalando frescor, você vai se pegar cantando-as no próximo show da Bidê ou Balde? O disco melhora a cada audição. E ainda tem as charmosas intervenções "chantilly com morangos" da alemã Antonia, com frases inspiradas nos textos de Kurt Vonnegut (e nos do seu personagem-diva Kilgore Trout).É o álbum mais bem-produzido da Bidê até o presente momento. E, como eles mesmos brincam, o "disco progressivo "da banda. Valeu muito esperar por Eles São Assim. E Assim Por Diante! Mas, nos fim das contas, é a Bidê ou Balde que conhecemos de outros 14 carnavais: uma banda que deixa tudo menos chato e tudo muito mais divertido. E assim por diante.Por Cristiano Bastos.A Bidê ou Balde se apresenta nesta sexta-feira, 05 de Abril no Vagão Bar, em Caxias do Sul, os ingressos ficam R$ 30,00 (trinta reais), o bar abre as onze horas.**********************************

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